domingo, julho 02, 2006

A lula e a baleia

A lula e a baleia é um daqueles filmes onde a trama familiar ocupa o lugar de destaque em toda a narrativa.

O filme fala-nos da relação, em crise, de um casal com dois filhos, de 16 e 12 anos, à beira da separação, que no enlaço do filme vai suceder e dar assim espaço ao aparecimento de todo um conjunto de questões imperativas em situações destas.

As questões passam pele infidelidade, sucesso ou falta deste na vida profissional, custódia dos filhos e acompanhamento no crescimento destes, dúvidas existenciais e o aparecimento de novas vidas com o espectro da anterior sempre presente.

Entramos assim na cabeça de cada uma das personagens, nas suas dúvidas e poucas certezas, certezas essas que acabam por serem recebidas e interpretadas pelos outros membros da família de uma estranha forma, penso mesmo que, quase passiva.

E é nesta forma de contacto com a nova realidade de cada personagem que está o grande trunfo deste filme, pois ela é feita de momentos de humor bastante requintados e de uma leviana introspecção que acompanha as personagens e o espectador neste divórcio filmado de uma forma muito inteligente.

Realço também o aparecimento destas surpresas que em altura de lançamento de blockbusters e com o título nada revelador ( que actua como um momento mágico de teatro quando o pano sobe e ficamos deslumbrados pela beleza que este esconde) conseguem ser uma lufada de ar fresco entre aquilo que tem estreado.

Aconselha-se o visionamento deste belíssimo filme, acompanhado de uma interessante fotografia e banda sonora, que nos trás Pink Floyd e o seu clássico "Hey You" onde a letra anda de mão dada com o argumento.

Mergulhem então com a lula e a baleia e deixem-se levar por esta "quase" família em busca de algo que perdeu sem dar conta e que agora o tenta reaver entre aquilo que de mais belo existe em qualquer relação: os filhos.