Tudo começa quando a Prisa, principal grupo de comunicação social, educação, cultura e entretenimento de Espanha, entra no capital da Média Capital, adquirindo uma percentagem - 33% - bastante considerável da detentora da estação de televisão de Queluz.
A Prisa com este negócio é, actualmente, a principal accionista do Grupo Media Capital (GMC), e que lhe confere assim capacidade de manobra bastante alargada dentro do funcionamento da TVI.
Basta reparar nos títulos que a Prisa detem, principalmente em Espanha, e digo principalmente porque os “tentáculos” do grupo se espalham ao resto do mundo, para depressa nos apercebermos que a TVI teria de ser alvo de mudança, sobretudo a nível informativo.
O grupo espanhol que tem em seu poder nomes como o diário EL PAÍS, as rádios Cadena SER e a 40 Principales , o Canal Televisivo Satélite Digital e no sector da edição através da Santillana – a maior editora de livros escolares na Espanha e na América Latina, não deixa com certeza de continuar a apostar numa informação de referência seja em que país for, seja em que estação for, independentemente das linhas editoriais e registos aí instalados.
A palavra “instalados” começa a ganhar forma se pensarmos no estilo jornalístico da apresentação do Jornal da Noite da TVI, este conduzido, literalmente, por Manuela Moura Guedes. A jornalista é, sem dúvida, a “cara” da estação e da redacção do canal que muitas das vezes prefere o banal ao concreto, a justiça em directo à ponderação e reflexão dos factos, a perseguição e atribuição de acusações à sábia espera e colocação inteligente de questões, aguardando assim a resposta do entrevistado, enfim, uma série de subversões de valores que ajudam a dar credibilidade ao jornalismo e que neste canal, por vezes, deixam de existir. Muitas das vezes, a jornalista Manuela Moura Guedes incorporou este estilo, o que a meu ver contribui para a sua descredibilização junto de muitas pessoas e principalmente junto dos novos administradores.
Este último facto é visível, quando depressa se repara na súbita mas não inocente mudança de estilo da jornalista, optando pelo low profile e que estranhamente deixa aos poucos de fazer as suas, já clássicas, intervenções.
Para quem está atento, é verificável que, certamente, houve um “recado” vindo dos senhores da Prisa no sentido de existir uma correcção ao estilo que vigorava, acabando esta semana com a notícia do abandono da apresentação do Jornal da Noite por parte da jornalista, passando agora a exercer funções de subdirectora de informação do canal.
Estes ventos de mudança sopram em boa hora, uma vez que, se a estação é líder incontestável de audiências pode continuar a manter essa posição com a mudança feita de forma gradual e não muito brusca, sob pena de afectar o seu público, e aqui a parte empresarial/financeira da estação pode sair prejudicada.
Aos poucos, a educação do seu público feita com a credibilização e empatia com as caras da estação, com o passar de valores humanos dignos, com a orientação da empresa para “moldes” mais aceitáveis, não só do ponto de vista da ética jornalística como também de identificação por parte do público de figuras ditas de referência, o país só tem a ganhar, o público só tem a ganhar.
De lamentar o facto de, uma vez mais, serem os nossos “vizinhos” a soprar a mudança, mas se ela for para melhor, eu continuo a querer que eles a vão soprando.
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