terça-feira, dezembro 20, 2005

A dita Macro-Fraude, o dito Tuga

Em tempo de “vacas magras” muito se especula sobre a forma e o processo mais adequado de superar a dita crise económica e o atraso em relação à Europa, com maior incidência neste período de pré-campanha.

Todo o Portugal aguarda pela dita retoma económica e pela dita diminuição da percentagem de desempregados no país. Em relação a este ponto os últimos indicadores mostram um aumento de 3,2 por cento em Novembro, face ao mesmo período do ano passado, para 486.311 indivíduos, indicou esta segunda-feira o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) .


Se a estes números juntarmos todos aqueles que trabalham no regime de “recibos verdes” e todos os outros que estão ligados a empresas de trabalho temporário, o panorama é, mais que preocupante, alarmante.

Serve este breve resumo como apresentação à última e anunciada fraude fiscal, melhor, mega fraude, ou utilizando as palavras do director nacional adjunto da PJ, José Mouraz Lopes, «Não se trata de uma pequena burla, mas de uma macro-fraude, que pode ter colocado em causa alguns pilares da economia portuguesa, já que são valores muito elevados».Elucidativo.

Até aqui nada à a estranhar, pois o país que tem a maior árvore de natal da Europa – ou do mundo – o país que tem a maior feijoada do mundo servida em cima de uma ponte, e provavelmente um dos maiores défices da Europa, obrigatoriamente tem de ter uma grande, enorme, macro-fraude. Óbvio.

A rede responsável pela dita macro-fraude, operava no comércio de material informático utilizando um sistema de “carrocel” explicou Santos Silva, subdirector da PJ. A rede utilizava empresas “fantasma” que possibilitavam a importação de material e posterior venda sem o pagamento de impostos devidos. O subdirector refere ainda “A mercadoria entra em Portugal através de empresas fictícias, que não pagam impostos. Depois faz o circuito comercial normal, com vendas a valor inferior a 21 por cento, porque não pagam IVA, em relação ao preço de mercado. No final, há empresas que vendem uma parte da mercadoria para o estrangeiro e pedem às Finanças a devolução do IVA, que não foi pago».

Podemos retirar deste dados algumas ideias como, por exemplo, a forma como esta fraude foi descoberta, juntando na investigação a Polícia Judiciária e Direcção-geral dos Impostos. Aplauso. A forma de como é possível a nossa economia levar bastante mais tempo a “recuperar” que a do nosso país vizinho, sem que existam então grandes especulações e argumentos sobre isso. O costume.

É de facto deprimente pensar que muitas destas situações acontecem no nosso, não tão pequeno assim, Portugal.

Podem então construir Casas da Música, com derrapagens financeiras aberrantes, aeroportos na Ota ou em outro sítio onde todos esses terrenos já estão então de mãos dadas com os “suspeitos do costume” da especulação imobiliária e afins, podemos também construir linhas para o TGV, para que os nossos grandes empresários se possam assim deslocar mais rapidamente a Badajoz e , porque não, negociar a elaboração do maior rebuçado da Europa.

Todos os grandes passos que Portugal teima em dar para não ficar na “cauda” da Europa – sempre lá estivemos – são depressa erradicados por notícias assustadoras de práticas correntes no quotidiano do cidadão português, que do alto do seu sábio conhecimento do mundo, pensa apenas em si próprio e cada vez menos no que está à sua volta.


Mas protesta, protesta muito. E grita, e chama ladrão e chulo ao governante, esquecendo-se que por vezes, o cidadão anónimo seu semelhante, prejudica mais o país que o “seu” governante chulo. Governante esse que nem “seu” é, pois com tanto protesto, o cidadão ficou em casa nas últimas eleições, a protestar de certeza, pela não exibição na televisão do compacto de um qualquer programa menor. É assim, o dito “tuga”.