quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Fundamental(ismo)

Todo o processo que desencadeou manifestações de puro vandalismo e irracionalidade por parte do povo muçulmano, resultante da publicação de 12 "cartoons" que, na opinião destes, visam ofender Maomé, sofre agora de um pedido de desculpas por parte do jornal dinamarquês Jyllands Posten que pede assim desculpas pelo facto de não saber que tais "cartoons" iriam resultar numa afronta a tal religião.

A juntar a este cenário, o comunicado do MNE, Freitas do Amaral, é, no mínimo, de uma falta de coragem assustadora e aparentemente antidemocrático. Mesmo que este se esconda atrás da palavra "licenciosidade", é de uma falta de sentido de estado enorme este comunicado.

As questões a debater sobre este tema não são, nem podem ser, apenas em matéria de liberdade de expressão, pois esta na civilização ocidental nem sequer deve ser alvo de discussão quanto a diferentes tipos de forma a aplicar na sua manifestação. A liberdade de expressão é livre e arbitrária e as sátiras daí resultantes não visam denegrir nem, objectivamente, ofender ninguém que seja retratado, caricaturado, ou referenciado.

Quem não entenda isto, ficou lá atrás, preso nas malhas do tempo, e hoje é alimentado por líderes religiosos que apregoam a manifestações que de religioso nada têm, mas sim de puro e hostil fundamentalismo.

A civilização ocidental ao repudiar este acto entre membros, por exemplo no espaço europeu, e ao efectuar um público pedido de desculpas por causa de uns famigerados "cartoons", dá assim um passo atrás em relação a sua identidade e mostra, também, receio de toda uma comunidade que tem hábitos terroristas como cartão-de-visita e que aproveitou esta questão para "inflamar" a tensão política que se vive na actualidade.

Pergunto-me que como pode ser possível que tais caricaturas, já com três meses de publicação, venham agora, não resultar em actos verdadeiramente terroristas pois de onde vêm e onde acontecem já não é surpresa para ninguém, mas sim num pedido de quase clemência para com os autores de célebres atentados à humanidade, que de tão célebres e propalados surge a questão se estes já terão sido esquecidos?

Fundamental é manter a identidade democrática da civilização ocidental e não deixar que uns "bonecos" subvertam anos de civilização em troca de fundamentalismos incivilizados e terroristas. De facto o tempo é diferente em várias partes do globo, em algumas, de certo, parou.

1 Comments:

At 8:35 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Que o tempo parou para alguns é notório. Que as manifestações agressivas vindas de Alá não são humanamente compreensivas também é verdade. Mas que a Europa não existe como força uniforme não se deve ao cartoons vindos do gelo nem ao ventos do deserto (basta ver o que se passou com os referendos para a Constituição Europeia...)mas sim aos fundamentalismos nacionalistas e económicos dos próprios europeus.
O conceito de União Europeia revelou-se falso mais uma vez.
Apesar do problema se ter gerado na Noruega/Dinamarca não podemos esquecer que estes são apenas peões neste tabuleiro.
A ira dos tapetes voadores é fomentada? Claro que sim. Mas contra quem? Contra os cartoonistas? Contra a Noruega? Contra o Ocidente?
E a nossa ira? Está direccionada para Alá ou Bin Laden? Ou para os profetas de Maomé, tais como a Arábia Sáudita que abastecem o ocidente de petróleo?
Creio que Alá é mais forte que a U.E., mas será mais forte que E.U.A. Para nós ditos civilizados, Estado e Religião são coisas diferentes. Para alguns até certo ponto... senão vejamos o caso do aborto aqui no nosso portugalzinho.
Também Jesus e os seus amigos judeus têm algo a dizer sobre este assunto. Prevê-se uma última ceia deslumbrante... América, Jesus e Alá. A U.E. fica com o papel de Judas porque trai constantemente os seus princípios. Mas e o resto do mundo? Também estão mergulhados neste terror de bombardear e ser bombardeados? Talvez... As imposições feitas pelo "Evil" como o Señor Bush gosta de designar são grotescos. Tal como a condescêndencia dos chefes de estado europeus e muçulmanos. No fim solidifica o fundamentalismo Americano e os pró-Señor Presidente. Ninguém se esqueceu do 11 de Setembro nem do 11 de Março nem dos atentados em Londres. Mas ninguém se esqueceu do pós 11 de Setembro nem da II Guerra Mundial e o Kuwait. Será que nós os europeus também fomos procurar bombas nas terras de Maomé?
A perseguição cultural e racista feita no Ocidente e a perseguição religiosa feita no Oriente deixam-nos numa atmosfera saturnica. Para ambos a liberdade de expressão não existe.
Ao contrário que o señor Bush diz, isto não é uma guerra entre o "Evil & Good" mas sim entre o " Evil & Evil".

 

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