O Choque cultural
O plano tecnológico não é "um plano estratégico que alimente uma visão", nem "um plano operacional, que determine acções concretas para alvos definidos e especificados", criticou hoje o presidente da APDSI (Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação), Dias Coelho.
O que é possível reter nestas declarações não é a forma como o presidente da APDSI se refere ao já célebre choque tecnológico mas à forma elogiosa como o caracteriza.
Escrevo elogiosa no sentido de alertar que é bem provável que o choque tecnológico tenha aparecido em uma, entre muitas, conferência de imprensa dada pelos membros do PS, onde alguém terá utilizado o termo, que, espantosamente, fez manchete na comunicação social.
Ora, como na altura sopravam os ventos da mudança, nada melhor que aproveitar a deixa, mesmo que esta não passe disso, e tentar dar andamento ao choque, dá sempre jeito, ainda mais em pleno sec. XXI.
Estamos, neste momento, certos que o tão propalado plano tecnológico tem dado choque, apenas, a Manuel Pinho. Lembro que este choque também já "electrocutou" alguns homens que estavam desde o começo no projecto e outros mais recentemente junto deste.
Importa pensar em que moldes se irá desenvolver este plano, pois a averiguar pelas irregularidades na aplicabilidade do mesmo e, também, pela fraca apetência que a maior parte da população têm pelas tecnologias - exceptuando os Gadgets da moda - será necessário aplicar antes de um choque tecnológico um choque cultural.
Choque cultural que vise e acredite na formação de base e passagem de conhecimento aos futuros utilizadores de toda a tecnologia fornecida pelo plano. Choque cultural que aposte na valorização humana e no seu desenvolvimento cognitivo, com o objectivo de ver melhoradas as capacidades dos utilizadores de todo o equipamento disponível, e assim, fazendo com que estes se sintam, realmente, motivados na utilização de todo o material disponível. Choque cultural que combine a tecnologia e o reconhecimento de Portugal, como um país abaixo das médias europeias na utilização da mesma, tendo por este motivo de existir uma preocupação apontada para a aprendizagem e não tanto para o fornecimento de, por exemplo, mil computadores, quando depois não existe uma ligação à internet que permita servir de "isco" para aqueles mais reticentes ao uso de tal "ferramenta".
Enfim, de uma maneira ou de outra é bom que se assista a uma mudança, seja ela cultural ou tecnológica.É preciso é que exista.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home