quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Avelino Ferreira Torres


A decisão do Tribunal da Relação do Porto de condenar o ex-presidente da Câmara de Marco de Canaveses, Avelino Ferreira Torres, em dois anos e três meses de prisão (suspensa pelo período de quatro anos) assentou na evidência das provas e «na reiteração das suas condutas (...) durante um largo período de tempo, traduzindo-se na utilização indevida da força de trabalho dos seus subordinados e no desvio quanto à correcta utilização dos veículos pertencentes à autarquia a que presidia».

Esta notícia retirada do Portugal Diário, é que preenche hoje os meios de informação, é apenas uma mostra do indelével funcionamento da nossa justiça e que nos mostra a forma pouco credível com que toda a situação é encarada e consequentemente aproveitada pelo visado.

A situação em questão é relevante, e muito interessante, não pela participação directa de um dos autarcas mais, eu diria, "peculiares" de Portugal, mas sim pelo que é a constante no nosso país de todas as práticas de que este autarca é acusado. Aquilo que é a verdade, nua e crua, das autarquias, é também partilhada nas empresas públicas e privadas, com grande prejuízo para aqueles que por razões de necessidade, se vêem manipulados por pessoas sem escrúpulos, que não são neste momento os transportadores da "bandeira" de um Portugal doente, sofredor de corrupção crónica.

A palavra a aplicar seria com certeza "escândalo", que de tanto uso caiu em banalidade, como refere Pedro Rolo Duarte, e que passou assim a fazer parte do quotidiano português. Reparo também que a palavra "arguido" faz parte desta lista de banalidades, que ao princípio estranha-se, depois entranha-se. Vicissitudes democráticas? Talvez...