sábado, janeiro 07, 2006

O Choque cultural

O plano tecnológico não é "um plano estratégico que alimente uma visão", nem "um plano operacional, que determine acções concretas para alvos definidos e especificados", criticou hoje o presidente da APDSI (Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação), Dias Coelho.

O que é possível reter nestas declarações não é a forma como o presidente da APDSI se refere ao já célebre choque tecnológico mas à forma elogiosa como o caracteriza.

Escrevo elogiosa no sentido de alertar que é bem provável que o choque tecnológico tenha aparecido em uma, entre muitas, conferência de imprensa dada pelos membros do PS, onde alguém terá utilizado o termo, que, espantosamente, fez manchete na comunicação social.

Ora, como na altura sopravam os ventos da mudança, nada melhor que aproveitar a deixa, mesmo que esta não passe disso, e tentar dar andamento ao choque, dá sempre jeito, ainda mais em pleno sec. XXI.

Estamos, neste momento, certos que o tão propalado plano tecnológico tem dado choque, apenas, a Manuel Pinho. Lembro que este choque também já "electrocutou" alguns homens que estavam desde o começo no projecto e outros mais recentemente junto deste.

Importa pensar em que moldes se irá desenvolver este plano, pois a averiguar pelas irregularidades na aplicabilidade do mesmo e, também, pela fraca apetência que a maior parte da população têm pelas tecnologias - exceptuando os Gadgets da moda - será necessário aplicar antes de um choque tecnológico um choque cultural.

Choque cultural que vise e acredite na formação de base e passagem de conhecimento aos futuros utilizadores de toda a tecnologia fornecida pelo plano. Choque cultural que aposte na valorização humana e no seu desenvolvimento cognitivo, com o objectivo de ver melhoradas as capacidades dos utilizadores de todo o equipamento disponível, e assim, fazendo com que estes se sintam, realmente, motivados na utilização de todo o material disponível. Choque cultural que combine a tecnologia e o reconhecimento de Portugal, como um país abaixo das médias europeias na utilização da mesma, tendo por este motivo de existir uma preocupação apontada para a aprendizagem e não tanto para o fornecimento de, por exemplo, mil computadores, quando depois não existe uma ligação à internet que permita servir de "isco" para aqueles mais reticentes ao uso de tal "ferramenta".

Enfim, de uma maneira ou de outra é bom que se assista a uma mudança, seja ela cultural ou tecnológica.É preciso é que exista.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Site do Governo Chinês

Apenas uma curiosidade na internet, o lançamento do primeiro site oficial do Governo chinês.
Podemos verificar várias informações, tais como: a Constituição nacional, os sites dos oito partidos não comunistas, e inclusivamente informação para estrangeiros, como programas para estudar mandarim no país e oportunidades de emprego.

Pode também ser vista a mensagem de Natal de Hu Jintao, para o seu homólogo russo, Vladimir Putin, onde se sublinha a boa relação entre os dois países.

Pode ser visto aqui.

Ter o hábito

A Associação de Restaurantes, Bares e Similares (ARESP) considera «inexequível» a obrigatoriedade da passagem de facturas acima dos 9,98 euros. «É absolutamente impossível passarmos a factura, onde se identifica o consumidor, o número de contribuinte e a morada a um pequeno grupo de seis pessoas a beberem seis cervejas» afirmou em declarações à TSF José Manuel Esteves, da ARESP.

Se o dirigente desta associação diz ser impossível passarem factura, está completamente explicado o motivo pelo qual a fuga ao fisco, ou parte dela, é tão elevada neste sector. Estas declarações só demonstram que o dirigente é fervoroso adepto da mudança e da revitalização do sector, defendendo ainda a «chamada venda a dinheiro numerada e sequenciada»., o que é, aliás, bastante ético.

Todos sabemos que é muito pouco comum, o consumidor pedir factura de qualquer produto que consuma ou adquira, facto este que me remete para o clássico exemplo da oficina, primeiro quando surge a nossa pergunta sobre o valor total do arranjo, segundo, na resposta por parte do mecânico: com factura paga x, sem factura paga y. Como na maior parte dos casos a factura não é dedutível no IRS, acaba-se por colaborar com a evasão fiscal, e como esta são dezenas ou centenas as praticadas, não só pelo mecânico mas também pelos comerciantes, feirantes, e quase todo o tipo de comercio que se quer credível.

Em relação aos restaurantes e cafés o cenário é um pouco mais complicado, uma vez que sempre que se consome algo num valor superior a dez euros a factura fica sempre esquecida, tanto pelo consumidor como pelo, agradecido, comerciante. E é aqui que a situação tem de mudar.

Primeiro pela atitude passiva do consumidor em relação a esta situação, pois se este paga as suas contribuições deve "lutar" para que todos os restantes contribuintes o façam. Segundo, pelas entidades reguladoras do sector, manifestando interesse pela questão e fomentando junto dos seus associados a implementação de equipamentos informáticos que sirvam, de uma vez por todas, para regularizar a situação fraudulenta em que se vive e para dar, também assim, credibilidade ao sector.

Parece ser esta uma questão menor, mas quando olhamos para o número elevado de evasões fiscais é o o futuro do país que é posto em jogo, e como tal devemos tomar todos a iniciativa e ter o hábito de pedir a factura, mesmo que isso nos custe a todos. De certo que é bem mais doloroso verificar a desigualdade de tratamento entre contribuintes que contínua a passar impune.

De realçar, também, a obrigatoriedade de um "livro de reclamações" em todo o comercio, medida que se aplaude, no sentido de a existência deste estar directamente ligada com a melhoria do serviço prestado. Esperemos.