sábado, abril 29, 2006

A transversalidade da G.N.R.


O Expresso de hoje trás em primeira página a seguinte notícia: "Negócios escuros na G.N.R.".

Até aqui, mesmo o leitor mais desprevenido não acha nada de estranho pois tantas tem sido as vezes que a nossa Guarda Nacional Republicana faz as manchetes dos vários órgãos existentes que esta parecia ser mais uma. Mas não.

Desta feita, tal como o título indica, o negócio, escuro por sinal, envolve um Tenente-coronel da Escola Prática da G.N.R. (presidente do conselho de administração) suspeito de conluio com várias empresas. Depois deste primeiro olhar percebemos que em uma das empresas envolvidas encontramos como sócio o chefe da Intendência do Comando-Geral, mais um tenente-coronel muito dedicado à multidisciplinaridade.

Em todo este cenário, mais uma vez lamentável, há a destacar o nome do comandante da unidade onde este negócio, que é escuro, ocorreu. Carlos Henriques Chaves é o nome do homem que teve a coragem de denunciar esta situação, após o pedido de uma auditoria que vem assim revelar todas as suas suspeitas vai ser entregue à PJ, na próxima terça-feira, um dossier com vários dos documentos que provam estes negócios, que são escuros, feitos pelo Tenente-coronel Manuel Pinheiro.

É com este tipo de situações que as instituições que se querem credíveis o deixam de ser, não bastavam as histórias de decapitações, embriaguez ao volante, maus tratos nos postos e, mais recentemente, tráfico de armas para termos esta cereja em cima do bolo.

Nas linhas acima escritas apontei como corajosa a denúncia do comandante da unidade, general Carlos Henriques Chaves. Pensando bem, foi uma atitude normal e que não devia necessitar de coragem para que possa acontecer, pois os negócios, que são escuros, devem ser denunciados em nome de uma credibilidade que neste momento não existe e que é facilmente perceptível tal facto na opinião pública em geral, farta de tantas trapalhadas como esta.

sexta-feira, abril 28, 2006

O Sr. Scolari e as libras que o assolam


Será impressão minha ou a situação que se vive, neste e em outros momentos, em relação à continuidade de Scolari na selecção portuguesa apenas acontece, ou acontece quase sempre, em Portugal e com treinadores estrangeiros?

Parece-me inadmissível, independentemente da garantia dada por Scolari que garante não vir a ser treinador de Inglaterra, que isto tenha acontecido, uma vez que no contrato que liga Scolari à selecção todas estas situações deviam estar previstas. Isto é, a F.P.F. deve ter mecanismos que controlem e sejam aplicáveis em situações como esta, é de uma enorme irresponsabilidade o comportamento de Scolari nesta matéria, não só pelo ordenado enorme que aufere, como também pela falta de nobreza e respeito pelo país que aprendeu a respeita-lo e que este, deste, tantas vezes se queixou.

Esta situação paradoxal exige reflexão e resposta por parte do Sr. Madaíl, mas não idêntica à que hoje foi possível escutar. O presidente da F.P.F. não se pode esconder em um "não existiu qualquer pressão sobre Scolari" quando a situação é bem mais grave do que isso, não só por estarmos muito próximos do mundial de futebol como, também, pela enorme responsabilidade que a selecção vice-campeã da Europa tem neste torneio.

Vamos continuar a seguir estas e outras histórias do "Felipão", que neste momento, no seu I-POD, ouve de certeza o querido Vinicius de Moraes interpretando o tema "Andam Dizendo" aqui fica a letra :


Andam dizendo na noite
Que eu já não te amo
Que eu saio na noite
E já não te chamo
Que eu ando talvez
Procurando outro amor

Mas ninguém sabe, querida
O que é ter carinho
Que eu saio na noite
Mas fico sozinho
Bem perto da lua
Bem perto da dor

Perto da dor de saber
Que este céu não existe
E que tudo o que nasce
Tem sempre um fim triste
Até meu carinho
Até nosso amor

quinta-feira, abril 27, 2006

As pensões de reforma - proposta de alteração


O governo, na voz do primeiro-ministro, anunciou hoje as propostas previstas para as alterações às pensões de reforma com vista a tão falada sustentabilidade do sistema de segurança social.

Em debate parlamentar, José Sócrates, anunciou as 5 principais alterações ao sistema que vigora, elas são: a indexação do valor da pensão ao aumento da esperança média de vida, uma nova forma de calculo das pensões que visa proteger os direitos adquiridos, alteração do modelo de incremento do valor das pensões em sintonia não só com a inflação como hoje é aplicado, mas também indexado ao valor do PIB, um incentivo à natalidade das famílias alterando-lhe a taxa contributiva tendo em conta o número de filhos e, finalmente a quinta medida, o reforço do apoio à invalidez para as famílias com deficientes a seu cargo e para as famílias monoparentais.


Olhando para estas propostas, em meu entender, as mesmas me parecem ser bastante razoáveis, não só porque surgem com a forma de precaver um eventual colapso do sistema de segurança social, como também, olhando para as várias permissas envolventes em cada uma delas se pode verificar a utilidade e consistente aplicabilidade das mesmas.


Destas medidas a que está sujeita a uma maior apreensão por parte da opinião pública em geral é a primeira, a indexação do valor da pensão ao aumento da esperança média de vida, por razões óbvias. Podemos então olhar para as três alternativas ao seguimento "à risca" desta medida principal: "Ou a sua pensão é ajustada pelo factor de sustentabilidade, que se estima neste caso em cerca de cinco por cento; ou para atenuar (parcial ou totalmente) o efeito desse factor o beneficiário opta por aumentar nos próximos dez anos o seu nível de descontos; ou opta por prolongar a sua vida activa por mais cerca de cinco meses, de forma a compensar o efeito do facto de sustentabilidade", apontou o primeiro-ministro.

Um dos episódios a destacar desta sessão parlamentar é o facto de o maior partido da oposição, PSD, com a implementação de medidas deste tipo, ditas de direita, na voz do seu presidente, fugiu às questões centrais desta matéria refugiando-se na apresentação de números referentes ao aumento do défice, diminuição das exportações, etc.
Parafraseando José Sócrates na sua resposta ao comentário de Marques Mendes, aproveito e comento também " lamentável".