quinta-feira, maio 04, 2006

O processo Bolonha


Começam-se a ouvir as primeiras vozes sobre o tratado de Bolonha, tratado esse que visa unificar o sistema de ensino por toda a Europa a nível de cursos e respectivos créditos, outra das componentes mais visível é a da redução do tempo das licenciaturas de quatro para três anos, passando-se depois a ter o título de mestrado com mais dois anos de ensino.

O ministro Mariano Gago revelou que adesão ao processo de Bolonha foi "gigantesca", afirmando que 40 % dos cursos foram homologados.

Aquilo que o ministro não disse foi que esses cursos foram elaborados nas universidades e politécnicos em tempo record, levando assim os conselhos ciêntíficos das mesmas a elaborar de forma possível e não desejável a estrutura curricular destes cursos.

Digo não desejável no sentido de concordar com muitas vozes que não foram ouvidas sobre esta transição, os professores que participaram nesta alteração são os primeiros a criticar a forma como a mesma foi realizada, indicando como um dos principais factores de falha na sua elaboração a não inclusão e participação dos alunos neste momento tão crucial e com implicações imediatas nas vidas dos mesmos.

Vamos assim partir para o próximo ano lectivo já com a maioria dos cursos a funcionar no âmbito do processo de Bolonha, agora falta aguardar que as primeiras queixas sobre o mesmo apareçam. Refiro-me a queixas não querendo ser aqui o profeta da desgraça, mas olhando para a forma como tudo isto fui organizado e olhando, também, a falta de informação que se abate sobre os principais "actores" do ensino e principais afectados desta mudança, penso que o futuro nos vai dar alguns protestos sobre as alterações efectuadas.

A não ser que este processo de Bolonha seja apenas uma mera operação de cosmética e "lipoaspiração" visível na mudança dos nomes de alguns cursos e disclipinas e no emagrecimento destes.

quarta-feira, maio 03, 2006

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa


Celebra-se hoje o dia mundial da liberdade de imprensa, facto congratulado não só pela comunidade jornalística como, também, pela opinião pública em geral.

A juntar a este facto está outro, não menos importante, que é o 30.º aniversário da Constituição da República, facto esse que consagra o direito de informar e ser informado, a liberdade de imprensa e um outro conjunto de direitos que ressalvam a profissão jornalismo.

Deixo aqui o link para o site da International Federation of Jornalists onde é possível verificar um interessante comunicado alusivo à data.

A nível de iniciativas tive a oportunidade de assistir, na Escola Superior de Comunicação Social, a duas conferências muito interessantes sobre o desígnio " A liberdade de imprensa e os seus limites na sociedade contemporânea".

Existiram duas sessões divididas pelo período da manhã e tarde. Na sessão matutina o tema central foi "Defesa Nacional e opinião pública" onde o painel era constituído pelo seguintes participantes: Luís Amaro (Ministro da Defesa), Maria José Ruella (jornalista), Abel Cabral Couto (antigo militar), Telmo Gonçalves ( Professor), Carlos Gaspar ( Professor), Isabel Simões (Professora) e Vera Martinho ( Aluna). NA asessão vespertina participaram Arons de Carvalho (deputado), Estrela Serrano ( Membro da ERC), Rui Simões ( Professor), Eduardo Dâmaso (jornalista) e Marco Silva (aluno), todo reflectiram sobre o tema " O direito à informação e a esfera privado dos cidadãos".

Como breve síntese refiro que ambas as sessões estiveram ao nível esperado, deixando sem dúvida várias questões que se inserem na cada vez maior complexidade social contemporânea, quer dos media, quer da opinião pública em geral.

Um dia muito bem passado onde se aprendeu muito, não só com as pertinentes abordagens aos temas em debate como, também, a paralelismos efectuados com a vivência pessoal de alguns dos intervenientes, facto esse que ajudou a abrilhantar a " discussão" e a descontrair a vasta audiência.

Uma palavra de apreço para o professor Mário Mesquita e toda a equipa que esteve por trás da organização deste evento.

terça-feira, maio 02, 2006

Jornalista: profissão de risco

A Repórteres Sem Fronteiras divulgou que o ano de 2005 foi o mais mortífero da década para a classe jornalística, tendo sido mortos 63 jornalistas e 5 assistentes.

Sabe-se ainda que ao longo de 2005, pelo menos 807 jornalistas foram presos e 1.308 atacados ou ameaçados fisicamente.

Estes números não deixem de ser impressionantes, não só pela sua dimensão como também pela gravidade que representa a morte de alguém que se encontra no terreno apenas com o sentido restrito de informar.

Outra curiosidade é a de que no início deste ano estavam presos 126 jornalistas em todo o mundo, sendo que China, Cuba e Etiópia representam os casos mais preocupantes, porque será?

Uma das possíves reflexões a fazer é: no meio de tantas mortes e censura alguns casos são, por demais evidentes, claramente escandalosos e apenas nos revelam o muito que falta fazer para que a profissão de jornalista venha a ser respeitada e não temida ao ponto de tirar uma ou mais vidas, ao ponto de calar uma ou mais verdades.

segunda-feira, maio 01, 2006

Viva a tradição! Abaixo a tradição!


A tradição da largada de touros em Portugal é já um clássico por muitos amado e por outros nem tanto. Respeito tal acto no sentido da folclorização do mesmo, são "festas" há muito enraizadas e que continuam a desfilar no tempo, independentemente das vozes críticas, das associações de defesa dos animas ou de uma qualquer ameaça de impedimento que vise alterações ao formato original, em alguns casos, da barbárie.

Ontem, em Samora Correia, a tradição foi alvo de uma parceria com o Guinness Book, em uma tentativa de juntar ao famoso livro mais um dos nossos brilhantes recordes. Desta feita era necessário que a largada tivesse 25 horas de duração e que nesse período de tempo estivesse sempre um touro na rua.

Ora se tal fosse conseguido (desconheço o resultado) seria bonito juntar a este feito outros maiores, tais como: maior pão com chouriço do mundo, maior bolo-rei do mundo, maior feijoada do mundo e ao maior número de aberrações do mundo de que tanto nós nos orgulhamos.

Avancemos estão para a parte trágica da aberração em que uma vida é ceifada pelo muito gozado animal, e em que a estação televisiva SIC, ao cobrir o pós acidente, nos dá a conhecer a opinião daqueles que ajudam e apoiam a aberração.

Ora aqui vai, em primeiro lugar a festa continuou mesmo depois de o homem que foi colhido pelo touro ter falecido. Excelente exemplo de solidariedade para com a família de tão nobre aventureiro, afinal de contas o senhor em questão apenas deixa três filhos menores e esposa por causa de uma mui nobre tradição, absolutamente extraordinário.

Em segundo lugar temos uma pérola da verborreia mental portuguesa que anda de mãos dadas com este tipo de barbáries, aqui vai: uma senhora, já de alguma idade, responde a pergunta da jornalista da SIC - que a interpelava quanto aquilo que pensava sobre o incidente ocorrido pouco tempo antes e que ditou em primeira instância a não sobrevivência do homem envolvido e em segunda uma família que se vê, talvez, sem a única fonte de rendimento familiar - da seguinte forma: por morrer uma andorinha, não acaba a Primavera.

Depois de ouvir estas agoniantes palavras e reparar que a vida reinante naqueles e em outros olhos, que presenciaram tal violento final de vida, não vai além deles próprios, apenas me resta um comentário: Abaixo a tradição! Abaixo formas de expressão cultural que se sobrepõem à vida e à própria condição humana.

domingo, abril 30, 2006

À atenção do Sr. Carmona Rodrigues


É bom que o Sr. Carmona Rodrigues, que por estes dias tem sido notícia devido a investimentos tidos como essenciais para o melhoramento da beleza da capital tornando-a assim mais agradável para os seus habitantes e para aqueles que a visitam, tenha em atenção a vergonhosa situação em que se encontra a Rosa-dos-Ventos junto do Padrão dos Descobrimentos.

Ontem de manhã, enquanto por ali passava, tive a oportunidade de verificar que em determinadas partes da Rosa-dos-Ventos faltam pedras que no total do seu conjunto assumem uma dimensão superior a um palmo, inadmissível.

O que será preciso fazer para que o Sr. Carmona Rodrigues tenha em atenção esta situação, afinal só falamos de um dos mais importantes e visitados monumentos da cidade que neste momento se vê preterido, em termos de prioridade, a por exemplo, as plantas a figurarem na Rua Augusta e outros locais, que a ver pelo custo, certamente serviriam para recuperar o mármore em falha na Rosa-dos-Ventos. Enfim, é tudo uma questão de prioridades ou de esquecimentos.